Relatório do BCE sobre a banca portuguesa

Hoje aparece na imprensa a referência a um relatório do BCE que analisa o comportamento dos bancos durante a crise iniciada em 2008 e que conclui que os bancos concederam crédito de risco porque esperavam o apoio do Estado para os ajudar a recapitalizar, como veio a acontecer. Além disso esconderam durante algum tempo dos seus balanços as imparidades daí resultantes
Esta análise é interessante porque mostra que a banca portuguesa sendo na sua maioria privada acredita que terá sempre o guarda chuva estatal, ou seja, as suas decisões de crédito serão menos rigorosas porque em caso de dificuldade haverá sempre proteção estatal, o que significa que não está no consciente dos gestores a existência de consequências sérias em caso de uma gestão descuidada e pouco profissional. Até agora esta perspetiva confirma-se quer porque o Banco de Portugal não atua, por exemplo aplicando coimas e recusando a idoneidade de certos gestores com passado duvidoso, quer porque não há processos por gestão danosa até agora. Antes pelo contrário mesmo com má gestão há prémios chorudos atribuídos.
Portanto o nosso sistema bancário não obedece às regras de mercado com a possibilidade de falência, que substitui por garantia de ajuda estatal, ainda que não escrita, mas que na prática tem-se confirmado e já levou a uma injecão financeira de cerca de 17 biliões de euros.
Como chegámos a este ponto? A resposta está na promiscuidade entre a banca e a política, onde a banca serve de reforma dourada para os políticos, onde vêem compensado o seu sacrifício na causa pública em termos remuneratórios, com uma passagem por uma administração de um banco. O caso paradigmático é o de Armando Vara. Os políticos não querem romper com este esquema de circulação entre a política e banca.
Este esquema facilita a corrupção e o tráfico de influência que já identifiquei como um dos aspetos mais negativos da economia portuguesa.

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