O caso do dinheiro gasto em copos e mulheres

O presidente do eurogrupo saiu-se com esta de que havia países que gastaram dinheiro com álcool e mulheres e depois pedem ajuda para pagar as dívidas. Sem referência expressa aos países do sul, mas como são estes os países que apresentaram problemas de endividamento esta seria uma referência muito pouco subtil, ainda que não expressa.
Esta declaração é importante porque numa altura em que se comemoram os 60 anos do tratado de Roma que criou a CEE, era importante a Europa estar unida contra as ameaças de Trump e Moscovo, além de coesa para enfrentar o Brexit, aparece este senhor a relembrar a pseudo divisão entre norte e sul, em que o norte é rigoroso financeiramente falando, não tendo défices excessivos e com a dívida controlada, enquanto os do sul, esbanjam dinheiro e têm dívidas enormes. Não podemos descontextualizar esta situação e não levar em conta que em 1987 com o Ato Único se reconheceu o atraso destas economias ao criar-se o fundo de coesão, que visava acelerar o processo de convergência, nem que os fundos europeus são fiscalizáveis. Também se pode reconhecer que houve dinheiro mal gasto, como o excesso de auto-estradas e obras públicas em detrimento da qualificação de pessoas. Mas esta não era a ocasião para se aprofundar divisões.
Este comentário foi inoportuno e divisionista, sendo importante nesta altura falar-se em solucionar problemas e não em divisões. Mas as reações a estas declarações também demonstraram que quem as fez continua a ser apoiado pela Alemanha e pelo Sr. Junker, portanto a cerimónia de comemoração dos 60 anos em Roma, não nos permite ainda vislumbrar uma mudança na UE, com mais solidariedade.
Contudo, foi positivo a demarcação de várias personagens do partido socialista a este elemento da sua família, mostrando uns socialistas encostados à direita e em perda eleitoral e outros capazes de se demarcarem desta clivagem absurda e das políticas de austeridade.

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