A regulamentação do setor financeiro continua por fazer.

Depois da crise de 2007/08 houve esperança de se voltar a uma regulamentação do setor financeiro mais exigente, próxima do que era entre os anos 50 e 70 do século XX. Mas parece que os defensores da auto-regulação conseguiram travar a regulamentação necessária e mesmo anular a que timidamente se fez, como a regulamentação de Dodd-Frank, esta marginal, pois só incidia nas atividades não vigiadas da banca.
Tinha ideia que as regulamentações tinham avançado, ainda de forma tímida, mas ao ler hoje a entrevista de Michael ASH no jornal Público de hoje, percebi que o lóbi da banca conseguiu travar as regulamentações previstas e mesmo anular as poucas feitas. Este autor aponta que esta falta de regulamentação é o resultado de uma teoria / ideologia neoliberal, que se tornou senso comum e da promiscuidade entre banca e governo, havendo uma porta giratória entre funções de topo na banca e na administração. Mesmo os mais populistas, que deveriam defender os mais francos perante o poder económico, não afrontam o sistema financeiro, havendo mesmo na administração Trump muitos ex-banqueiros, ou seja, o lóbi financeiro continua a ter influência. Este é um populismo que defende os mais poderosos, pelo menos no que diz respeito ao sistema financeiro.
O autor citado conclui que a regulamentação financeira pouco mudou desde a última crise (2007/08) pelo que existe a possibilidade de voltar a haver crises idênticas. Adianta ainda que o principal instrumento de intervenção foi a política monetária, tendo sido abandonada a política orçamental contra-cíclica.
A sua conclusão é que «não havendo mecanismos de proteção, a doença poderá voltar». Ou seja, poderá voltar a haver crises semelhantes à crise anterior. Assim, é imperioso, digo eu, voltar a pôr na agenda a reforma da regulamentação do setor financeiro. Esta reforma terá de eliminar os agentes intermédios da atividade financeira e aproximar o credor da atividade produtiva.

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