A corrupção em Portugal: a mentalidade está a mudar?

Como sabemos a corrupção distorce a concorrência que deve existir no mercado, pelo que é uma forma de criar ineficiência ao funcionamento dos mercados.
Todos tínhamos a perceção que havia corrupção em Portugal, mas nos últimos anos têm caído na malha da justiça vários casos, ao mais alto nível do Estado e mais recentemente tocou o próprio sistema judicial. O mérito é sem dúvida da Procuradora Geral, Joana Marques Vidal, motivo suficiente para ser reconduzida no cargo.
Todos conhecemos os casos que envolvem um ex-primeiro ministro, um ministro, secretários de Estado, dirigentes de topo da administração pública e magistrados. Para já não falar do casos BES, PT e outros de cariz mais económico.
Este é sem dúvida um passo em frente para termos mercados eficientes na economia. Mas ainda há muito caminho a fazer para se mudar mentalidades, mas o primeiro passo sem dúvida é acabar com a impunidade da corrupção, o que parece que tem vindo a acontecer, ainda que não haja condenações nestes casos mais recentes.
O que não faz sentido é haver códigos de condutas que não sejam cumpridos. Dito isto, o caso do ministro Centeno, é diferente dos casos de corrupção, ainda que não devia ter pedido bilhetes a nenhum clube, porque não há troca de favores em relação a decisões que não são suas relativa a IMIs. Mas é essencial que os governantes compreendam que devem exercer a sua cidadania em igualdade de situação com os cidadãos comuns. Este caso insere-se mais na necessidade de os governantes mudarem a sua mentalidade e cumprirem o que se pede aos cidadãos e aos funcionários públicos - estes estão impedidos de receber prendas acima de certos montantes. Os governantes estão para servir não para se servirem, mesmo invocando questões de segurança.
Se queria ir ao futebol comprava os bilhetes e depois alguém resolveria o problema de segurança, mas alegar a questão de segurança para os pedir demonstra a necessidade de se mudar mentalidades e reformar a conduta dos governantes para terem mais ética em conformidade com que é exigido aos cidadãos comuns e funcionários públicos. Este debate tem pois muito sentido para sensibilizar os governantes que as mentalidades estão a mudar e que não vale a pena pôr em risco o seu sucesso económico e político com uma ida ao futebol com bilhetes pedidos. Além de que com o seu novo cargo internacional corre o risco de ser colocado ao nível do disparate do seu antecessor com o caso dos países do sul. Não havia necessidade!

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