Continuam os indícios de corrupção ao mais alto nível.

Continuamos a ser confrontados com casos de corrupção ao mais alto nível e nalguns casos mesmo de captura do poder político pelo poder económico.
Os últimos casos foram o de um ex-ministro e a sua ligação ao BES com recebimento, que continuou a usufruir como ministro, de uma mensalidade. Este caso está ligado às rendas excessivas na eletricidade numa altura em que a EDP era participada pelo BES.
Este é um caso extremo de total despudor e esses pagamentos eram feitos de off-shores, que também foram usados na operação «marquês». É extremo e inédito porque envolve o recebimento de uma avença mensal por um ministro paga por uma empresa tutelada pelo mesmo ministro.
Outro caso que veio a público está relacionado com o presidente da ADSE, que aparece como suspeito numa auditoria de favorecimento a amigos enquanto gestor de uma empresa privada. Aqui o caso é entre privados, mas o comportamento denunciado deveria ter impedido este Sr. de ocupar o cargo público de Presidente da ADSE. Aqui houve algum pudor tendo o Sr. demitido-se da função pública.
Estes casos têm vindo a público através de investigações de jornalistas, tendo o 4º poder cumprido o seu papel. O que não se compreende é o conhecimento destas situações não serem tornadas públicas, parecendo que todos se protegem nos casos de corrupção. Realço, felizmente temos tido uma comunicação social que tem cumprido o seu papel. O MP também tem iniciado investigações, principalmente com a atual PGR, que têm ajudado a combater a impunidade nos crimes de colarinho branco.
Num inquérito recente a empresários era patente que uma elevada percentagem respondeu que havia corrupção em Portugal. Assim temos mais um indício de que o que vem a público é somente a ponta do iceberg.
Conhecidos estes factos espero que o sistema político altere este estado de coisas legislando em vários domínios para tornar mais transparente a vida pública: desde a necessidade de exclusividade para algumas funções (deputados), aos períodos de nojo depois de funções executivas, até a questões como o enriquecimento ilícito e outras. Sabemos que no passado já houve propostas nesse sentido, como do caso do pacote anti-corrupção do Cravinho, mas nada avançou. Aqui o bloco central de interesses parece continuar a dominar a AR.
Concluindo, esta é mais uma oportunidade para se legislar e apertar a malha aos crimes de colarinho branco, mas tal como no passado o bloco central de interesses pode voltar a impedir melhorias legislativas. Já quanto aos terceiro e quarto poder parecem estar atentos e ativos contra a corrupção.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Vantagens e desvantagens do FMI

A conflitualidade de objetivos de política económica

A minha experiência com a estomatologia (análise económica).