Costa ontem definiu a sua estratégia económica até às eleições

Ontem, 29 de maio, o Primeiro Ministro Costa acabou de explicitar a política económica para o resto da legislatura, citando de memória: «não haverá redução significativa de impostos nem aumento significativo das despesas, porque a prioridade é reduzir a dívida».
Temos aqui definida a política económica até ao fim da legislatura, que não vai mexer nos impostos e que vai evitar a subida da despesa pública com novas recuperações de rendimento porque agora a prioridade económica é reduzir o défice. Isto significa que a recuperação de rendimentos está esgotada e como disse o Ministro Centeno todas as folgas vão ser utilizadas para reduzir o défice para se alcançar o superavit o mais depressa possível.
Resultará daqui dificuldades na negociação do orçamento para 2019 porque os seus parceiros não têm esta visão da política económica, acreditando que o aumento dos rendimentos é um factor que potencia o crescimento, aliás como defendeu Centeno no programa inicial deste governo, mas agora parece abandonar esta visão virtuosa da despesa, em que mais despesa gera mais crescimento e este vai gerar mais impostos que cobrem no todo ou uma parte significativa do acréscimo das despesas. Será o peso de Presidente do ECOFIN que explica esta mudança de opinião?
Acredito mais que o PS pensa que é no centro que terá hipótese de conseguir a maioria absoluta pelo que na segunda metade da legislatura decidiu fazer uma política económica mais austera para conseguir convencer o eleitorado do centro e descolar de uma visão despesista associada à esquerda.
Quais são os perigos desta estratégia? Sem dúvida que cada vez é mais evidente que a manta financeira é curta para se manter a qualidade dos serviços no SNS (serviço nacional de saúde) e a direita tem explorado bem esta degradação do SNS dando visibilidade a situações de rutura, a mais recente foi o caso do controlo no pós operatório das operadas ao cancro da mama. Outro dos perigos é na educação se houver uma reação forte dos professores. Mas, se o governo conseguir ir resolvendo os problemas nestes dois setores, a estratégia do governo para chegar à maioria absoluta pode ter hipótese.
Concluindo Costa está a urdir uma estratégia para se colocar ao centro nos dois últimos anos de governação e não à esquerda como nos dois primeiros anos, com o objetivo de chegar à maioria absoluta, o que tem como obstáculo a negociação do orçamento para 2019 e a solução dos problemas com o SNS e com a educação.

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